Resenha de Corações Feridos


Corações Feridos é um livro incrivelmente comovente. Impossível não ficar boquiaberta com essa história e não morrer de pena dessas duas irmãs. Fiquei chocada durante toda a leitura do livro, mas não consegui largá-lo. Li em dois dias. 

É uma história difícil de esquecer. As personagens foram maravilhosamente trabalhadas pela autora do livro de forma que me cativaram. Suas experiências são marcantes, às vezes revoltante. Fiquei horrorizada ao ler sobre as crueldades as quais essas duas irmãs foram vítimas. Mas o livro não é só sofrimento. Aprendemos sobre o amor, a compaixão e os gestos de ajuda que algumas pessoas oferecem.

Hephzibah e Rebecca são filhas de um casal que são religiosos fanáticos e as criam de uma forma extremamente incomum. Elas são vítimas desse fanatismo, proibidas de viver uma vida normal, pois seus pais consideram tudo (a vida normal como ler, estudar, passear, conhecer novas pessoas) como um grande pecado. As meninas são privadas de tudo, até mesmo das coisas mais simples na vida dos adolescentes.

Tudo começa a mudar quando as irmãs vão estudar numa escola de Ensino Médio. Até então elas eram educadas em casa, pela sua mãe. A ideia não agradava muito ao pastor Roderick (pai das meninas), mas ele não queria que seus fiéis suspeitassem de suas esquisitices, já que para as outras pessoas ele se passava por alguém completamente normal - um pai dedicado e um marido exemplar. Somente as meninas conheciam o lado sombrio dos pais escondiam o que acontecia em casa de todos, inclusive seus familiares.

Os capítulos do livro são divididos de forma bem interessante: o presente é narrado por Rebecca, depois da morte de Hephzi; e o passado são os relatos de Hephzi, que apresenta sua versão dos fatos antes de sua morte. As duas irmãs são bem diferentes uma da outra, não apenas fisicamente, mas suas personalidades são bem distintas. No entanto, as duas são apaixonantes. Com Rebecca você conhece o lado mais sombrio, já que ela é a mais rejeitada por conta do seu aspecto (ela possui a Síndrome de Treacher Collins). Hephzi é mais comunicativa, menos afetada e também é decidida, corajosa. Ela foi a que mais rapidamente se adaptou ao "novo mundo" e teve a coragem de lutar por uma vida normal. Pagou um alto preço, mas viveu sua breve liberdade intensamente. Experimentou coisas novas e se apaixonou. Provou da "normalidade", e se esforçou para adaptar-se. 

O livro se torna comovente não apenas pelos maus-tratos, mas pelo fato das meninas lutarem pelo direito de viver as coisas simples. Tudo o que elas desejam é ter amigos, sair com eles, usar maquiagem, roupas novas, se alimentar melhor, enfim, tudo o que é normal e todo ser humano merece ter. 

Outro ponto que acho importante abordar é esse mundo de punição que alguns fanáticos religiosos vivem e acham ser correto. São pessoas que verdadeiramente não conhecem a Deus, pois não conhecem o amor, a misericórdia e o perdão. As meninas vivem pagando por pecados que não foram cometidos, vivendo uma vida sendo privadas de qualquer afeto, ou seja, nada que uma verdadeira religião prega. São vítimas de mentes doentias.

O final do livro também é comovente. Pois há muito a ser superado, vivido, compensado. Rebecca nos dá um exemplo de superação, mas é impossível não ficar desejando para ela uma vida mais feliz. 

Corações Feridos é um livro que recomendo. É um livro que, sem dúvida, nos ajudará a sermos mais gratos pela simples oportunidade de acordamos a cada dia com a liberdade de viver nossos compromissos diários.

Mais informações no site da Editora Novo Conceito.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O Menestrel - William Shakespeare

Resenha do livro O Conde de Monte Cristo

Demons - Imagine Dragons